quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sono carrasco

Eu sonhei que estavas morto. Acordaram-te com uma agulha. Agulhadas de lágrimas coloridas. Eu o vi no caixão com os dedos duros. Ele estava morto com os cabelos cinzentos.

Eles estavam todos mortos com as mãos apertadas derramando terra.

E também sonhei com elas. Estavam vivas e sorridentes sobre uma colcha de cetim. Contavam-me os anos passados e futuros. Um buquê de flores no bidê escondendo o abajur. Uma malícia adocicada de vinho. Então adormeci, pois não sabia proceder ali.

Eu como adorno.
Como a dor no
Prato da alma.

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