terça-feira, 11 de janeiro de 2011

ce - n - sura*



* n substantivo feminino
Regionalismo: Índia, Moçambique.
suco extraído da espata de diversas palmeiras, esp. de coqueiro [Us. como bebida refrescante e para levedar; converte-se tb. em vinagre e em aguardente] - HOUAISS

D. Infância tem 50 anos

Como compreender o que aquilata o ser?
O que absorve? O que envolve?
No sereno, seca,
No dia, rumina canções.
Como esquecer dores?
É tudo o mesmo remédio.
Ela vai embora e enxuga a testa.
Quer o sol todas as noites,
e a lua, ao meio-dia.
Como querer decifrar as correntes?
De metal, de água, de gente?
Como abrilhantar os vícios e sujar as virtudes escritas em prédios invisíveis andantes?
Se ela respira, é porque aspira um pouco de solidão
Grita para os próprios poros, suando feito o mar.
- Nem sempre as escolhas são as certas!
E ela se pergunta, o por que das escolhas?
Quem quer comprar um rótulo?
Uma cor?
Um sexo?
Um beijo!
Ela sonha com filmes impossíveis, 
lê livros insuportáveis, 
ama cada pó que dorme nas prateleiras do quarto.
Ama elas também.
Como congelar os órgãos para assistir a vida?
Cada capítulo, com final trágico, 
Cada cofre, abundante de flores,
Cada animal deleitando-se em sua selvageria.
- Ingenuidade. Imagine...como seria?
Ela deitou no asfalto e tatuou a pele com a ruptura do mundo. Deixou um bilhete aquarelado, que morreu na terceira quadra, por um carro voador de três asas, três pneus, três motores, três motoristas, três cores.
Como não conseguir lembrar?
É a dor que elimina, salva, preenche, esvazia, regurgita, ensina, cospe na tua cara! Na minha cara.
Como saber de onde vem a dor?
De onde vem o "se sentir bem"?
Como ter certeza e tropeçar de olhos abertos?
Como dobrar a esquina pra dizer que ama alguém?
É tudo simples. Modesto.
Um Modesto de "M" grande, gigante, do tamanho do universo.
Por que o universo parece mais complexo e não tão Modesto?
Ela não sabe nada. Nada...