Miseráveis com migalhas de pão.
Ninguém chora por eles
Lacrimejam o fracasso
no descaso do outro
O outro é tu, em ti?
E a metáfora do coração?
Abandonaram a estação
E a primavera se foi antes da despedida.
Aguardo o inverno
Porque o outono se alegra
E os veraneios sonham.
Onde é a estação para o espaço?
Miseráveis com grandes porções.
Ninguém chora por eles
Zombam da lágrima supérflua
no féretro da viúva morta
A viúva é tu, em ti?
E a descoberta da evolução?
Deserdaram a esperança
E a vontade desmaiou feita preguiça.
Teimo por esperar
Porque o sorriso gargalha
E os sonhos cantam.
Quantos cadáveres por hoje?
O corpo feminino se transforma.
Notas de piano, tu ouves?
Pingos de chuva, tu sentes?
Pássaros coloridos, tu vês?
Telas em muros, tu enxergas?
Ela exalou fragrância de flor
O aroma em harmonia com
os bicos finos dos sapatos
O couro surrado conduz à face
E a união do corpo a dispõe
Em nu vestido preto.
O eco da noite a estremece
O álcool da madrugada a aquece
E na manhã seguinte ela esquece
Da prece, da promessa, do enlace:
Esmalte para disfarce.
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