sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Pescador de Luz


Era de manhã. Ele havia bebido e estava jogado ao asfalto com a garrafa vazia ao lado. Seu corpo refletia a luz do sol. Seus cabelos estavam duros, suas unhas mal feitas, esfiapadas, seus pés descalços e seus olhos arregalados. Sua pele era tão branca quanto a luz por entre as nuvens daquela manhã misteriosa. Suas roupas baratas, furadas e esgaçadas, e uma gravata cor-de-rosa enrolada, intacta no pescoço. Coragem eu tive em desenrolá-la e ler a mensagem deixada: Eu quero estar no mar, no mar...quero encontrar a luz do sol. Detectei: um pescador, pescador de luz. Estava alí, cadáver de sua alucinação, herói de seus eus, construtor do imaterial eterno. Morto.



Beli

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