Vejo crianças,
Sinto-me só, navego
No pó estilhaçado, caio
Na mesmice futura
Do passado de almas distantes.
Sinto-me só, embarco
No reflexo gelado, deito
Na mesa inerte
Do movimento ilusório da imaginação.
Sinto-me só, choramingo
Na ausente cor, mendigo
Na praça rascunhada
Do artista projetado em cimento.
Sinto-me só, recuso
Na promoção curta, repulso
Na condição errada
Do salário pela ficção do herói.
Sinto-me só, reprimo
Na pureza sombria, insisto
No golpe recatado
Do amigo dócil em seu canto amargo.
Sinto-me só, paro
Na fila invisível, sigo
Na margem torta
Do opressivo inferno em chamas.
Sinto-me só, conforto
Na poltrona quente, agonio
Na arquitetura moldada
Da prótese humana despida de-coração.
Um sorvete sem abraço
Lamuriando a solidão, derreto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário