sábado, 6 de junho de 2009

Licença para as reticências

À minha própria cura:
Pró-cura à procura
do amor universal.


Um, dois, três
Poucos, muitos, múltiplos
Eu, tu, eles, elas.

Nós na voz:
Avós e nós:
Tricô, crochê, toalhas:
Tecido, bordado, pontos:
No corpo costurado:
Natal, noite feliz:
Noz quebra nós:
Sinos, vento, silêncio.

Sufoco!
Sufoco e suplico:
Malditos!

Era doce
Era ingênuo
Era inocente,
Como dezembro,
Como a família,
Como o vermelho.

O campo.
O fogão.
O lago.
O cão.
A ponte.
A estrada.
A casa.
A escada.

Escrita que não se desmancha,
onde se repudia a intolerância:
Por onde as lágrimas secas andam?
Na argila engolida na farofa do almoço,
Triturada em versos perversos sozinhos.

Enigmas,
Estigmas,
Paradigmas.

Receitas duvidosas:
Chá de tradição:
A cura imediata:

NÃO!
NÃO!
NÃO!

Um grito impiedoso
Sem gênero e cor,
Atravessa curva e reta,
Penetra infalível explodindo:
Isopor.

Está no chão
Depois do ar, doar:
Amor.
Amor!
Amor?

Amor...

3 comentários:

André Procópio disse...

Amor, maldita palavra. Ainda nao consegui me entender com ela...


Ah, Beli, agora falarei sobre livros no meu Blog (romance, teoria) e é para meter o pau (opa!) e criticar mesmo!

Augs disse...

Procópio, meter o pau naum é com a Beli naum!
Huahuahuahua

Augs disse...

Não o faço pra me redimir, porque o passado já é memória, e não estamos em 1984 para poder editá-lo.
Pois então Procópio.
Pergunto quem há de se entender com ela?
– Quem fazê-la a fácil toque, a baixo preço, e a simples compreender e de breve definição.
Porém quanto mais longe se a põe maior o leque de intensos prazeres, maiores as possibilidades das belas experiências, mas quão distante se pode pô-la?
Ora, o mais distante trás consigo um grande risco, trás um mundo que é mágico, assustador, desconhecido, voraz, infiel, folgaz, principalmente para ocidentais, caucasianos, azuis, racionais, APOLINEOS... Esse distante é o Dionisíaco, para além da sexual-idade, seja igual, ou diferente, ou ambos.
É o modo de pintar o quadro da vida mais cheio de sentimentos e de possibilidades, longe do pensar-amanhã, no extremo do viver-o-instante.
Talvez, e só talvez, ali esteja o amor, ou qualquer coisa que se queira chamar o sentimento mais intenso de entrega, de desejo, de abdicação, prazer e viver.