terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tenho só a vós, se podereis me ouvir

Tenho só,
a voz,
Tenho só, 
a vós,
Tenho só, 
avós.


Um grito
prescrito
do rito
infinito
do esquisito.


O que fala
empala (vras)
se cala
e embala
a própria ala.


Síndrome do si
Si sou eu?
Se sou eu?


Cólera
de cócoras
se expele melhor
decora
se impele melhor
a cólera.


Sui gêneris
suicídio
sua gentileza
gênio-cídio
sutileza.


Grito
Tenho só a voz.





2 comentários:

Luiz Guilherme Augsburger disse...

Se há algo especial em escrever, esse algo não está em escrever em padrão, no norma. É algo mais como subversão. É algo em explorar as possibilidades. É algo como criar pra além do óbvio que empala(vras) tudo dito.

Eu sinto em lhe dizer:

Eu não quero ser mais uma cópia e levar vida como algo a vencer.
Não quero vender a ninguém o meu potencial de ser

Não quero ter um emprego de sucesso
e não acredito na ordem e progresso. Não quero estar na maquinaria.

Eu não quero levar a vida dentro de um ideal padrão para compra a mais nova bem embalada invenção

Enquanto isto:

Em um mercado de conceitos compra-se o eu perfeito, vende-se liberdade e igualdade, fazendo lhe esquecer a própria morte

É dado a objetos valor de vida!
O ser humano não passa de uma peça.
Todo seu suor vale migalhas e sua energia é trocada por tralhas

Quando foi que você se rendeu?

Anônimo disse...

Creio, contudo, que tendo apenas a voz já basta, pois a voz produz o grito, a fala, o choro, a risada, as antíteses e os complementos. Eis aqui sua beleza e importância.