terça-feira, 27 de abril de 2010

De que valem as ruínas sem risco?

De que vale uma vida vazia?

Palavras sugadas,

Enxutas, expostas ao sol.


De que vale uma vida romântica?

Palavras seguras,

Capciosas, cretinas.


De que valem as mãos sobre a cabeça?

A cabeça sobre o chão

O chão fincado nas mãos

O afinco afiliado de solidão?


De que vale o pássaro voar?

Os aviões também?

O céu azul?

A matemática?

Os arrotos intelectuais?

As elucubrações poéticas?

Os noticiários?

Os rincões inabitáveis?

As telas?

As celas?

As células e seus núcleos?


De que valem as palavras?

A língua?

A minha, a tua?


De que valem os organismos indóceis em terra firme?

Os muros?

A imensidão?


De que valem os sonhos sem ossos e a imaginação sem corpos?


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