De que vale uma vida vazia?
Palavras sugadas,
Enxutas, expostas ao sol.
De que vale uma vida romântica?
Palavras seguras,
Capciosas, cretinas.
De que valem as mãos sobre a cabeça?
A cabeça sobre o chão
O chão fincado nas mãos
O afinco afiliado de solidão?
De que vale o pássaro voar?
Os aviões também?
O céu azul?
A matemática?
Os arrotos intelectuais?
As elucubrações poéticas?
Os noticiários?
Os rincões inabitáveis?
As telas?
As celas?
As células e seus núcleos?
De que valem as palavras?
A língua?
A minha, a tua?
De que valem os organismos indóceis em terra firme?
Os muros?
A imensidão?
De que valem os sonhos sem ossos e a imaginação sem corpos?
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