domingo, 25 de outubro de 2009

"Imorrível"

Sob a sombra espelhando
farejei a parede e engoli poeira.
Perdi os minutos,
como se fosse o último:

Que nunca o tive e ei de ter!
[Nó]

A sombra engolida pela poeira,
Um revólver sobre a cabeça.
[Só]

E termina. O fim de tudo.
[Pó]

Ouve-se ao fundo um ruído dissoluto
Nada.
O apito da fábrica no exato minuto.

domingo, 11 de outubro de 2009

Retalhos do barco

À bordo desse barco, na imensidão desse mar que mergulhei,
escrevo-te no tom mais sutil que encontrei.
Essa rima boba que deixei, é o risco de tudo que aceitei...

Estou lembrando das frases não ditas e por mim imaginadas.
Das mãos entrelaçadas, perigosas, precisas.
Dos cabelos encontrados pela sala.
Lembro-me dos beijos roubados, prolongados junto as tuas palavras.

Daqui não enxergo o chão, no qual caí quando partiste.
Agora flutuo abestalhada, abastada de dinheiro fútil.
Pouco restou da comédia romântica, salvo as atrizes,
com seus papéis de ridículas em vidas simultâneas.

Avisto o porto, preparo minhas pernas ensinando-as voar.
Um pulo só,
só no mar.

domingo, 4 de outubro de 2009

A praça I

Sentou no banco daquela praça,
cujo o balanço avisava a saída de uma criança.
Entorpecia a mente.
Era o ranger, diminuto, preciso.
Era o vento bagunçando os cabelos.
Um pensamento vago e a fumaça do cigarro.
Calada. Fria.
Calada da noite fria.
Cala-frios dominavam o corpo,
frio.

Frágil as pálpebras deslizaram, colidindo-se.

[Estrondo]

Dormiu no banco daquela praça.